quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Cinema Negro

O Blaxploitation ficou conhecido como o gênero de cinema que mostrava os guetos negros dos EUA nos anos 70, levando para as telas de todo o país a maneira de se vestirem, falar, ouvir música, enfim, toda a cultura negra na cidade grande e a forma de resistir a uma cena de repressão, segregação e racismo que vinha de longe.

 
 




Esses filmes ganharam características próprias, eram dirigidos e interpretados por atores negros, tinham trilhas sonoras sofisticadas e fantásticas, compostas por alguns dos maiores artistas da época e abarcavam muito mais coisa do que se pode ver à primeira vista.
 “Os filmes blaxploitation geralmente têm um herói ou heroína afro-americano que atua à margem das instituições e da lei. Para vencer suas batalhas, o herói Blax jamais recorre à polícia ou a qualquer outro aparelho governamental, mas sim a grupos de ativistas negros, como os ‘Panteras Negras’.
          Nos filmes, nenhuma instituição oficial é confiável ou tem interesse legítimo pelo que se passa nas comunidades afro-americanas. “Os problemas das comunidades negras só são resolvidos pela ação direta dos próprios membros dessa comunidade”, explica o produtor cultural Zeca Azevedo, colecionador de filmes do gênero.
        Para ele, a origem do blaxploitation está lá atrás, nos acontecimentos que transformaram a vida dos afro-americanos no século XX, como o grande movimento migratório dos negros do sul segregacionista para os centros urbanos do norte, que também viviam em climas e gregacionista, porém, mais velado. A partir daí surgiram as grandes comunidades negras, mais tarde transformadas nos guetos retratados pelos criadores do cinema blaxploitation. O resultado desse êxodo foi o aparecimento da música antes do cinema negro. “A indústria musical, cujo principal produto, o disco, requer gastos de produção bem menores que os de um filme, saiu na frente e registro ou com sucesso as vozes negras desde o início. O blues e o jazz se tornaram rapidamente o esteio da indústria fonográfica norte- americana.
      A presença das vozes afro-americanas nas rádios e nos aparelhos de reprodução de discos pelo mundo afora mostrou a capacidade dos artistas negros de ocupar grandes espaços na cultura industrial, mas a indústria cinematográfica decidiu, com pequenas exceções, ignorar a experiência social e o talento dos artistas negros durante cerca de 50 anos”.

 

Um anseio e uma pressão não declarados já pediam pelo aparecimento de um movimento que retratasse a sociedade afro-americana nas telas de cinema em uma cultura que adquiriu um domínio tão completo da arte cinematográfica. O surgimento da briga pelos direitos civis e o basta que a comunidade negra queria dar à segregação racial foram importantes para isso, um processo que começou nos anos 50, e só ganharia a tela de maneira definitiva em 1971.

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